Por: Murilo Gagliardi
Há muito preconceito em relação à carne Suína no Brasil. Ela nunca foi muito bem vista em nosso país. Isso se deve aos cortes volumosos, quase sempre associados a eventos festivos; cortes pouco práticos, na perspectiva do cliente; apresentação inadequada nos pontos de venda, que quase sempre é associada à gordura e percepção de preço elevado; e também ao preconceito com relação ao impacto sobre a saúde do consumidor.
Sobre esse último ponto relacionado à saúde, a carne Suína infelizmente está associada a doenças potencialmente transmissíveis, como o complexo Teníase/Cisticercose. Durante muitas gerações esse tipo de associação foi levada adiante, mas hoje em dia com a modernização da suinocultura e também com a conscientização da população com a devida cocção da carne antes do consumo, praticamente se tornou impossível esta contaminação. Isso porque hoje os suínos são criados em confinamentos e possuem uma dieta balanceada, ou seja, são alimentados com rações à base de milho e de farelo de soja, o que em outras décadas não acontecia. Hoje eles são tratados com toda higiene e passam por pelo menos cinco inspeções antes de serem declarados bons para o consumo.
Atualmente sua criação visa produzir cortes mais magros de carne. Esses animais quase sempre são abatidos com menos de um ano, para que o produto seja tenro. Antigamente a preocupação era extrair a banha do porco, sendo assim, o ideal era que o animal pesasse até 300 kg. Hoje um animal médio, pesa em torno de 110 kg. Sua gordura foi reduzida em até 80%, porque o objetivo agora é a carne e não mais a banha.
Comparativo entre Cortes
Fazendo um comparativo entre os cortes magros e gordos das carnes, conforme a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO), podemos dizer que os três cortes mais calóricos e gordurosos da carne Suína são: orelha, costela e rabo. Também devem ser evitados os derivados da carne de porco que são misturas de gordura com a carne. O toucinho, por exemplo, contêm 593 kcal e 60,3 gramas de lipídios em cada 100 gramas. Já a linguiça carrega 227 kcal e 17,6 gramas de lipídios na mesma quantidade. Os três cortes mais magros são: bisteca, lombo e pernil.
Falando em Aves, os três cortes mais magros são: fígado, peito e coxa (com peles). Os mais gordos são: coração, asa e sobrecoxa (com peles).
Os três cortes mais magros da carne Bovina são: patinho, músculo e maminha e os três mais gordos são: língua, fraldinha e costela.
Melhor Carne
Já a melhor carne, nutricionalmente falando, para a alimentação humana é a Suína. Em relação à carne Bovina e a de Aves, a Suína é a proteína animal com menor teor de colesterol, além disso, ela possui o maior teor de gordura monoinsaturada, que ajuda a reduzir o nível de colesterol ruim no sangue. Ela se destaca também pelo seu conteúdo de cálcio, fósforo e principalmente potássio, que tem importante função na normalidade da pressão sanguínea. E, como se sabe, a hipertensão tem alta prevalência na população humana e as principais indicações nutricionais para controlá-la são as de diminuir o sódio e aumentar o potássio. A carne Suína é uma excelente fonte de vitaminas do complexo B, principalmente de Tiamina (B1), Riboflavina (B2) e Cobalamina (B12).
Estes benefícios da carne Suína já estão sendo comprovados e o mundo está de olho em sua produção. No entanto, os brasileiros ainda não reconhecem suas propriedades. Segundo dados mensurados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a carne mais consumida no mundo é a Suína, representando 39% do total do consumo mundial de proteína animal. A carne de frango vem em seguida com 30% e em terceiro, a Bovina com 24%. O Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial de carne de porco, justamente porque o consumo interno não é expressivo nos dias de hoje.
Consumo da Carne Suína
Os países com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) são os que mais consomem carne Suína. O maior consumo per capita anual dessa carne é constatado entre os países da União Européia. Enquanto na Europa, o consumo anual médio é de 45 kg per capita, no Brasil esse consumo não ultrapassa 12 kg, dos quais apenas 3 kg na forma da carne fresca ou congelada. Entre os 21 países com maior IDH, sete estão entre os dez maiores consumidores de carne Suína do mundo. O que prova mais uma vez a importância da carne de porco em nossa alimentação.
A carne Suína é muito saborosa e merece a nossa devida atenção. Chega de mitos, preconceitos… mudança de paradigma é preciso entre nós, brasileiros.